terça-feira, 7 de janeiro de 2014

♥ EU NÃO QUERO CRESCER! ♥ By Carlos Roberto de Souza ♥





EU NÃO QUERO CRESCER!

"Caças sobrevoam um vilarejo despejando dezenas de bombas químicas. Centenas de pessoas, velhos e crianças em sua maioria são pisoteadas…
Um homem de aspecto suspeito adentra numa estação. Ele permanece em pé, estático junto àqueles que esperam o próximo trem. De repente, uma explosão!…
O morro é fortaleza. Tiros de fuzis são disparados contra a polícia. Esta, desaparelhada, sucumbe diante o poderio dos traficantes…
Uma jovem assustada entra em um banheiro público. Seus gemidos são abafados pelas suas mãos. Do seu ventre uma vida é abandonada em um cesto de lixo…
O sacerdote ergue seus braços. O povo em estado de êxtase grita o seu nome. Subitamente, em meio a turba, o cano de um revólver brilha. O sacerdote está em transe. Um tiro certeiro perfura-lhe o coração…
Uma nação castigada pelo ardor da guerra ouve o som ensurdecedor. Toneladas de alimentos são lançados sobre suas cabeças. Sem nenhuma organização o povo corre, lutam entre si (se matam!). O avião parte deixando para trás um povo sem esperança…
As manifestações ganharam as ruas. A palavra de ordem é “Justiça!”. Na outra extremidade a polícia de choque os aguarda com seus cães famintos…
O pastor ergue sua Bíblia e grita: “As muralhas de Jericó cairão hoje!”. Um tremor é sentido por todos. As estruturas do templo começam a ruir, o teto desaba. Tudo vira manchete na manhã seguinte…
Numa escola a merenda é servida. Para muitas aquela será sua refeição do dia. Satisfeitas elas correm para o pátio. O sinal dispara, é hora de voltar. Horas de pois, inesperadamente, todas passam mal. A dor é insuportável. Quem assume a responsabilidade?...
Os meios de comunicação anunciam: “O salário mínimo aumentou!”. Os ignorantes batem palmas, agradecem ao Governo e repreendem todo aquele que se diz contra. Semanas depois o custo de vida aumenta. Todos passam a usar nariz de palhaço…
O sinal vermelho interrompe o fluxo. O perigo é constante. Todos os motoristas fecham seus vidros na tola ilusão de que isso possa inibir os assaltos. Uma criança surge entre os carros vendendo alguns doces. Ninguém lhe dá ouvido. Contudo, um decide encarar o temor. Ele não compra nada, mesmo assim dá um dinheirinho à criança. Esta o agradece com o sorriso mais puro e sincero. O motorista parte. Atrás dele a triste realidade das ruas…
Definitivamente eu não quero crescer!"

Carlos Roberto de Souza / poeta e editor

Foto: divulgação

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